Archive for October 3, 2010

Os ACAROS e o GEOCACHING no ponto de partida

Os ACAROS, eles são assim. Andam por aí a explorar o mundo ao pormenor e depois respiram e dizem que viram coisas. Ou numa rajada de vento são arrastados para longe. – Possa! Onde é que eu estava? – Deixa cá ver. Onde é que eu estou? E lá vão eles explorar os cantos à coisa, e depois respiram, e depois se não houver mais vento, toca a mecher as patas, há que ver o que há por aí. Enfim, os ACAROS são caprichosos, minuciosos, o sumo da vida é andar à procura de uma coisa e encontrar muitas. Então eles andam de olhos bem abertos que é para encontrar o maior número possível de coisas interessantes. O que acontece é que quanto mais coisas eles vêm, mais interessantes elas se tornam. Os ACAROS são ambiciosos, eles gostam de contar as coisas, de as identificar, de dividir e caracterizar e de associar coisas às coisas. E vem daí uma geometria complicada portanto o melhor é passar à frente, assim já deu para ficar com uma ideia geral do tipo de gente que eles são.

Agora para quem não sabe, passo a explicar um conceito novo que nós também aprendemos aqui há tempos e que se revelou numa coisa interessante. “Captados à primeira pelo Geocaching.” E é assim! – Recomendamos vivamente! Vem um dia o João, falar de uma coisa com esse nome, e ficamos logo a pensar –  Espera lá! Essa coisa parece interessante. Isso é o quê, é um jogo? É uma actividade, um passatempo, um hobbie? – Fixe! É um Jogo! Bora lá jogar! E coisas associadas às coisas vai-se a ver e a coisa é até internacional, mundial mesmo! – O quê?! Há contentores escondidos pelo planeta inteiro onde tens um lápis e um bloco onde podes assinalar o teu nome e pôr a data? Bora lá procurar um? Há um aqui ao pé? – Há em todo o lado! Mas para aqueles cujo interesse não se cativa com um bloco e um lápis para escrever um gatafunho eu vou explicar isto um bocadinho melhor. No entanto, como já existe uma explicação bem elaborada o que aconselho mesmo é seguir o link e ver o vídeo de apresentação no site oficial www.geocaching.com.

O Geocaching é uma caça ao tesouro mundial que requer a utilização de alta tecnologia, nomeadamente a internet e um aparelho de GPS. Toda a informação está no site, é lá que devemos “ir” em primeiro lugar, pois é lá que vamos encontrar as coordenadas que nos levarão ao lugar da cache. Na verdade a nossa aventura não foi bem assim. O João que já estava mais entendido na coisa já tinha as coordenadas no GPS e a referência de uma cache ali na Quinta do Marquês em Oeiras. Demos por nós num relvado entre oliveiras velhas e foi aí que nos apanhou de repente, as oliveiras eram um espanto! É verdade que mesmo vistas de longe elas mereceram o comentário, mas para quem já tinha passado por elas centenas de vezes, aqueles minutos de companhia íntima no mistério do lusco fusco iluminado por candeeiros de jardim, foram de encher o peito, devem ter sido uns cinquenta minutos. Deu para explorar aquelas árvores por fora e por dentro. Sabem como são as oliveiras. –  Não é? – Cheias de recantos inventados no tronco pelo tempo, buracos e buraquinhos com espaços abertos no interior e passagens secretas, ramos embaraçados, entrelaçados e entrançados escondidos sob a folhagem miudinha e densa da copa. Epáh! Valeu a pena ter ido procurar lá o contentor com o bloco e o lápis, apesar de não o termos descoberto, ficou prometida uma segunda visita a estas meninas. E depois já estavamos sentados no paredão do passeio marítimo e entre as pedras de chisto quentes descobriamos a nossa segunda cache, umamicro, com vista para o Bugio e para a outra margem. A primeira, foi mesmo tradicional uma perfeita tuperware com um bloco um lápis e uns artefactos deixados por aqueles que já lá estiveram, num caminho ladeado de chopos no Cabo Submarino, uma cache em homenagem às comunicações, um bom começo. Depois em casa lá fomos explorar o sítio na internet, percebemos que as caches têm história marcam lugares com história e ganham história ao longo da vida. – Olha que bom, construir história! E a interligação, hã!? Espectacular!

Bem! De ACAROS que somos, não nos faltou entusiasmo para iniciar a colecção. – Vamos lá recolher informação sobre o mundo que nos rodeia, que disso nós gostamos muito. Um óptimo pretexto para ir explorar, respirar, e para depois contarmos o que vimos. Para os que não virem ficarem a saber também, o que existe. Surgiram logo alguns lugares muito importantes sobre os quais nós temos coisas para contar ao resto do mundo. Há um pinhal habitado por fadas e duendes para quem quizer que eles lá habitem, é o Pinhal das Fadas e há o Pinhal das Bruxas onde as pessoas despejam lixo. Os ACAROS aqui da zona bem que se esforçam pelas Bruxas, e houve uma vez até, que apareceu um camião e uma escavadora e limparam um buraco do tamanho de meia piscina municipal do Campo Grande que estava cheio de entulho e de pneus, ficou muito mais bonito o local. Há por aí também, uma cascata e um trilho que serpenteia nas margens de um rio que vai desaguar na praia, por entre a vegetação do vale passando pelo pinhal e pelas dunas. Há becos inspiradores escondidos nas aldeias cujas ruas são descritas em versos e vivem aves de rapina nestas paragens. Águias,  falcões, corujas e mochos, sobrevoam planaltos e vales de dia e de noite. Há nestas paragens informação vital sobre o nosso ecosistema, que queremos partilhar.

Quem descobriu o interesse destas caçadas, descobriu também que para além das pesoas que podem viajar o mundo, e da informação que elas podem levar consigo, os objectos têm direito a conhecer o mundo e a contar a sua história. Tudo isto graças à internet e a um pretexto. Atribuímos um código a um objecto, que pode ser registado no site e lá vai ele pelo mundo fora de mão em mão, de cache em cache, recolher histórias, fotografias. cada pessoa que vê regista e a história vai-se criando com pouco esforço. E logo pensamos. – Também queremos. – Queremos mandar um crocodilo para que conheça outros crocodilos e que coleccione fotografias dos seus semelhantes, e uma chupeta da Lucinda para dar a volta ao mundo. – Parece engraçada tal possibilidade.

No final de contas foi inevitavel, O ACAROS combinam muito bem o o Geocaching, portanto tornaram-se amigos chegados e agora gostam de fazer coisas juntos.